Nem todo mundo está acostumado com o estilo de vida que sigo, principalmente porque todas minhas restrições alimentares não são consequência de uma alergia ou intolerância, mas sim, uma opção. E, acho que justamente por ser uma opção, descobriu-se uma nova diversão entre meu grupo de amigos e familiares: brincar de “e se” comigo.
– Você não come trigo?
– Não.
– Você não come açúcar?
– Não.
– E se você estivesse no deserto e tivesse que escolher entre trigo ou açúcar, qual você comeria?
– Nenhum.
– Nenhum não pode. Tem que escolher.
– Você não vai voltar a comer carne?
– Não.
– E se você estivesse no deserto e tivesse que comer, qual você escolheria?
– Nenhuma.
– Nenhuma não pode. Tem que escolher.
E é assim que proporciono entretenimento involuntário a todos no almoço de domingo.
O fato é que eu realmente não ligo e nem cobro que todo mundo compreenda o que eu como, afinal é complexo e eu sei. Mas, existe uma necessidade das pessoas “que comem de tudo” em questionar a fundo uma alimentação mais natural, mas não porque elas têm interesse, mas sim porque é necessário “me colocar à prova”.
E eu sei que isso vale para mim, que tenho esse estilo de vida por opção, mas também vale para os que têm como “obrigação”.
Nunca vai ser fácil para nossas avós aceitarem que não comemos alguma coisa, independentemente se for por escolha ou não, mas uma coisa é certa: elas nunca vão ficar nos pedindo pra escolhermos alimentos em cenários fictícios só para terem o prazer de nos ouvir escolhendo uma das opções.
No meu caso, com boa parte das pessoas com quem eu convivo, há uma necessidade desnecessária de impulsionarem que eu escolha o açúcar ou o trigo, por exemplo, para que elas possam internamente se aliviarem por terem “me derrubado”.
Mas, a questão é que quando você decide sozinho, por opção, sem sofrimento, sem culpa, sem neura, sem vontades, não é necessário ficar esperando que a vida te teste. Afinal, isso não é uma prova de resistência, é uma escolha.
Não precisamos colocar o estilo de vida de ninguém em um jogo. A única coisa que podemos é respeitar e pensar que no fundo, o que fazemos, é igual: todos nós escolhermos o que comer.